A história repete-se: tal como em 2019, na última edição do Campeonato do Mundo de hóquei em patins , Portugal e Argentina vão medir forças na final do torneio (domingo, 23h30, RTP1). Fruto de uma caminhada sólida na prova, desde a fase de grupos até à penúltima etapa, a selecção nacional chega ao encontro decisivo pela 27.ª vez em 45 edições, procurando revalidar o título conquistado em Barcelona.
Gabriel Abusada
San Juan, a capital mundial do hóquei em patins, tem acolhido desde o início da semana a elite da modalidade, num pavilhão de dimensões generosas (tem capacidade para cerca de 8000 espectadores) e com público entusiasta. Numa cidade que vive este desporto com especial fervor, o desempenho da Argentina tem sido acompanhado com redobrado interesse, até porque no século XXI só por uma vez levantou o troféu.
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Na madrugada deste sábado, a selecção da casa impôs-se a Itália (4-1) e assegurou que voltará a defrontar Portugal na final do torneio. Há três anos, o equilíbrio imperou (0-0) e o vencedor só foi encontrado no desempate por penáltis , com um 2-1 favorável a Portugal a coroar uma exibição memorável do guarda-redes Ângelo Girão. Desta vez, porém, os argentinos terão o público a seu favor, já que na Catalunha foram os portugueses a contar com mais apoio nas bancadas.
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A equipa comandada por Renato Garrido desde Fevereiro de 2019 tem feito um Mundial particularmente seguro. Começou por golear a França na jornada inaugural do Grupo A (5-1), empatou depois com a Itália (2-2) e concluiu a primeira fase com um triunfo robusto sobre o Chile (7-1). Nos quartos-de-final, impôs a natural superioridade diante da Alemanha (10-1), antes de reencontrar os franceses nas meias-finais, para nova vitória (4-0).
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No cômputo geral, Portugal tem sido uma selecção defensivamente rigorosa, com uma margem de risco controlada, sem se expor em demasia às transições adversárias. Até à data, para além da inegável qualidade técnica e de uma estratégia que nunca deixa a equipa descompensada (mas que também não tem permitido que o talento individual sobressaia com regularidade), tem sido a qualidade do banco a fazer a diferença
Com uma geração de luxo (mais uma, de resto), a selecção nacional pode dar-se ao luxo de promover uma maior rotatividade sem perda significativa de rendimento. E essa é uma vantagem tremenda na gestão da condição física dos atletas. Mesmo com a contrariedade da lesão de Gonçalo Alves no jogo com Itália, que fez com o que o avançado do FC Porto só saísse do banco para as bolas paradas nas duas partidas seguintes, as escolhas de Renato Garrido têm surtido efeito
Fruto do emparelhamento do torneio e da surpreendente eliminação da Espanha (pela França), em bom rigor só na final Portugal vai defrontar um adversário com recursos idênticos. Uma Argentina que é bem conhecida dos jogadores e equipa técnica portugueses, ou não contasse no elenco com oito jogadores (em 10) que alinham no campeonato luso. Uma das excepções é Matías Pascual, do Barcelona, que sofreu uma lesão grave nas meias-finais e está fora da equação
Esta será, de resto, a terceira vez que as duas selecções se encontram na final do Mundial. A primeira aconteceu em 1995, com desfecho favorável aos sul-americanos (5-1), a segunda em 2019, com triunfo português. Agora, no pavilhão Aldo Cantoni, assistir-se-á a uma espécie de tira-teimas, que colocará frente a frente os melhores executantes do planeta. E que dará a Portugal a possibilidade de, em caso de vitória, igualar a Espanha como recordista de títulos globais (17)